12 maio 2009

FUNERAIS

O silêncio do blogue durante mês e meio deve-se, essencialmente, a uma série de funerais que, como sempre, interromperam as nossas actividades e nos envolveram de uma forma intensa com algumas das famílias enlutadas. Seis – num período de sete semanas. Três de pessoas da nossa igreja – e um de uma pessoa de família, o meu sogro.
Em todos os casos foram pessoas cujo testemunho de vida cristã foi convincente – o que permitiu manifestar a nossa convicção de que estão na presença do Senhor e aguardam o dia da Ressurreição, para reinarem em novos céus e nova terra. Só houve um caso em que a pessoa que faleceu não tinha atingido uma idade bastante avançada.

Impressionou-me haver umas centenas de pessoas presentes (em total) nestas ocasiões .... pessoas que assim fizeram uma pausa na sua rotina diária. O que pensará, nestas alturas, uma pessoa que não tem convicções claras acerca da vida além da morte? Será que aquilo que costumamos dizer nestas ocasiões é o suficiente para a pessoa, de uma forma esclarecida, poder vir a conhecer Cristo – na altura ou algum tempo depois?

Surgiu na minha mente uma crítica – espero que seja construtiva – da nossa maneira de estar e de falar, como evangélicos, nestas ocasiões. Num dos funerais o marido da falecida, que também dirigiu o funeral(!), manifestou a sua vontade de que outras pessoas falassem, mas não tanto acerca da sua esposa – dela já se tinha falado – como acerca de Jesus. E deu-lhes essa oportunidade. Mas, mesmo assim, os que falaram disseram mais acerca da falecida do que acerca de Jesus!

Precisamos de ajudar as pessoas não-cristãs (ou superficialmente «cristãs»), que nos acompanham nos funerais, a perceber a diferença que existe entre a esperança do cristão fundamentada na Bíblia – a salvação pela graça – e a esperança vaga que outras pessoas querem cultivar de a pessoa, por ter muitos méritos, ter ganho um lugar junto a Deus. Mas, normalmente somos muito pouco explícitos! Normalmente não anunciamos aos descrentes presentes que, independentemente dos seus méritos e esforços, o que os espera, se não aceitarem Cristo, é uma eternidade fora da presença de Deus. E assim não estendemos um convite para receberem a salvação pela graça, que é dada só e exclusivamente com base nos méritos de Jesus que morreu por nós. Coisas que costumamos dizer, talvez, nos nossos cultos evangelísticos na igreja, onde pode haver poucos descrentes presentes, não nos atrevemos a dizer nos funerais, onde normalmente há muitos!

No funeral do meu sogro, tive o privilégio de pregar (lutando bastante para dominar as minhas emoções), e resolvi falar claramente sobre estes assuntos tão básicos. Disse que acreditava que a morte dele poderia ser uma altura de novos frutos para o Reino de Deus. Para nossa alegria, soubemos depois que uma pessoa (que até hoje não conhecemos pessoalmente) se tinha convertido nessa ocasião!

Mais uma razão para me sentir muito pequeno - mas para sentir, ao mesmo tempo, que estou ao serviço de um Deus muito grande

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