27 dezembro 2010

Os sonhos.... de Deus e nossos.




Como é que Nabucodonosor consegue esquecer-se tão depressa do verdadeiro sonho que Deus lhe deu e que Daniel interpretou? No sonho viu quatro reinos sucessivos, a contar a partir do dele. O quarto com pés de barro misturado con ferro. A seguir, um quinto reino que não será de nenhum homem mortal, que irá julgar todos os outros, reduzindo-os a pó. O Rei da Babilónia nem sequer tem a capacidade de perceber o sonho, e é preciso haver um sábio de Israel para que perceba o seu sentido.

No princípio Nabucodonosor reconhece a mensagem que Deus lhe dá e honra Daniel que lho interpreta. Como é que se explica, então, que a seguir o Rei faz uma estátua só de ouro, parecida em algo com a outra, mas eliminando tudo o que tem de fragilidade? Agora na mente dele só há um império – o de Nabucodonosor. E exige que toda a gente a adore. Será que a amnésia pode servir como explicação da maneira rápida como o sonho se transformou? Há trompas, oboés, cítaras, harpas, liras, saltérios e muitos outros instrumentos.... (blogs, Youtubes, e Facebook ... além de grandes «shows» multi-média....) E quem não se prostrar será lançado numa fornalha a arder em chamas (é como se dissesse, hoje: «Quem não reconhecer o que Deus está a fazer no meu ministério, não está a ser aberto para o Espírito. Naturalmente essa pessoa é de uma igreja institucional/tradicional. Elas têm os seus dias contados. Ora, se a pessoa realmente estiver aberta, poderá mudar para a minha igreja»).

Pensando bem, o facto de receber um sonho de Deus não confere importância a ninguém. O sonho do Rei da Babilónia de facto é mais contra ele próprio do que a favor. Ele poderia lutar para que o verdadeiro sonho e o seu sentido fossem comunicados. Ele ganharia disso, e o seu povo também.

Mas o que interessa a Nabucodonosor no fundo ainda é Nabucodonosor.... É como se o rei da Babilónia começasse a montar um novo movimento missionário nos nossos tempos: «Ministérios Nabucodonosor». É verdade que vai começar a falar do «deus» de Israel – que parece estar a fazer mais milagres do que os outros, os da Babilónia, que para ele perderam alguns pontos ultimamente. Mas o facto de ser Nabucuodonosor a anunciar este recém-descoberto «deus» fará muito também para que o seu próprio nome seja cada vez mais honrado.

Não é tão difícil então perceber que os pés de ouro tenham sido esquecidos...

Não é tão difícil perceber que Nabucodonosor também seja um tanto autoritário. Afinal raciocina que está a fazer um favor ao seu povo. Obriga-os rapidamente a abrir os seus olhos para ele, como auto-designado portavoz deste deus de Israel, e tudo isso é para o bem deles....

Os três estudantes que foquei nas últimas postagens (Chadrac, Mechac e Abednego) recusam-se a adorar a estátua. Percebem muito bem o jogo de auto-promoção que o Rei está a fazer. Para eles querem o sonho verdadeiro que Deus deu ao rei – não querem a versão adulterada que ele agora está a tentar passar-lhes.

Se Deus me ajudou a compreender algumas coisas acerca da Sua pessoa, foi através da Sua Palavra. Os meus sonhos foram sempre de pouca confiança! E muito do que Ele me mostrou teve a ver com a minha fraqueza... com os tais «pés de barro». Quando prego, ensino ou escrevo, gostava que aquilo que as pessoas comentassem não tivesse muito a ver com «Alan Pallister». Não sonho que algum dia existam «Ministérios Alan Pallister», conhecidos em muitos lados! Antes queria que o termo «ministério» mantivesse o seu verdadeiro sentido e que eu diminuísse, para que Cristo crescesse....

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